S!
Não sou especialista, mas me parece muito estranho um piloto esquecer de zerar o manete. Sei que essa foi a explicação para outros dois acidentes semelhantes na Ásia. Mas é um erro tão básico que fica difícil acreditar.
Será que o manete não tem um dead-zone tão pequeno que as vezes o computador registra que ele está acelerado quando na verdade o piloto pôs em idle? Será que não houve um erro de software que interpretou errado as ações do piloto?
Aliás, se em duas ocasiões o software provocou acidentes por que, devido à posição do manete, continuava a acelerar o aviãono pouso a Airbus já devia ter reescrito o software do computador de bordo!!!
Sei não, essa história está muito estranha...
Nesse sentido é interessante a seguinte nota que tirei de um blog (Luis Nassif):
O depoimento do comandante
Ontem a CPI ouviu o comandante José Eduardo Batalha Brosco, que pilotou o airbus da TAM na véspera do dia do acidente. Um relato saiu no Globo Online.
A ênfase do comandante - e da matéria - é nas condições de Congonhas. O título, aliás, é "Piloto da TAM critica pista de Congonhas na CPI". O comandante é apertado pelo relator da CPI, deputado Marcos Maia (PT-SR) sobre supostos problemas enfrentados pela aeronave.
O relato que saiu no Globo Online:
"(...) O relator pediu ainda que Brosco ajudasse a CPI a entender alguns códigos escritos por mecânicos de manutenção das aeronaves da empresa em relatórios dos movimentos, feitos no dia do acidente, na aeronave que explodiu. O piloto informou que o relatório parecia indicar que teria acontecido uma falha no sistema de flap e no trem de pouso e frenagem da aeronave e que, depois de efetuada a manutenção, isso teria sido corrigido. Depois, ressalvou, diante da pergunta do relator se isso seria a demonstração de que a aeronave já teria apresentado problemas de frenagem em Campo Grande:
- Não diz que aconteceu um problema, diz que foi feito um check. Pode ou não ter tido problema.
Para o relator, os relatórios de manutenção da aeronave que explodiu terão que ser melhor analisados e isso poderá significar a convocação dos mecânicos que fizeram essa checagem.(...)
enviada por Luis Nassif
Apesar desse cara dar umas furadas, ele fez um comentário que achei interessante:
Explicando a operação-abafa
Alguns leitores pedem explicações mais detalhadas sobre o que considerei a operação-abafa.
É simples. Quando ocorreu a tragédia, como sempre tem ocorrido nesses momentos de catarse, a mídia saiu correndo atrás de um culpado. Com a politização a pleno vapor, o enfoque preferencial das matérias era procurar jogar a culpa no governo.
Muitas das falhas apontadas são reais, como a falta de regulação do setor, o fato das empresas aéreas terem se apropriado da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a imprudência de permitir a super-lotação de Congonhas, a pista recém-recapeada. Mas nenhum desses fatos foi decisivo para a queda do avião.
No início, a TAM escondeu qualquer informação sobre a manutenção do avião. Aí se descobriu a que o reverso não estava funcionando. Seguiu-se um festival de informações técnicas desencontradas, alegando que o reverso não era relevante. Depois, se admitiu que o reverso pinado exigiria procedimentos diferentes do pouso normal, e por alguma razão esses procedimentos não haviam sido seguidos.
Quando ficou claro que o reverso poderia ter provocado o acidente, havia duas hipóteses: ou erro do piloto, ou problemas mecânicos. Problemas mecânicos podem ser de estrutura (softwares com bugs) ou de manutenção. Se de manutenção, a responsabilidade é da empresa, a co-responsabilidade das autoridades fiscalizadoras.
Em geral, nesses acidentes, o resultado final das investigações leva tempo para aparecer, o caso esfria, é esquecido, morre. E, por uma questão de auto-defesa, o setor sempre evita incriminar-se. Por isso mesmo, a tese do erro humano era a mais cômoda e poder-se-iam jogar as conclusões para daqui um ano, quando o assunto já estivesse esfriado.
Quando a caixa preta foi para os Estados Unidos, e os deputados decidiram acompanhar a degravação, percebeu-se que não daria para manter as conclusões em sigilo. A caixa-preta inevitavelmente apontaria problemas mais sérios do que a pista ou um eventual erro do piloto.
O que as fontes fizeram? Se anteciparam à CPI, procuraram a “Veja” e a “Folha, que embarcaram na tese do erro do piloto. Só que, para embarcar nessa tese, tiveram que isentar as autoridades fiscalizadoras, e deixar de lado todas as acusações indevidas que haviam lançado contra o governo. A culpa ficaria sendo exclusivamente de um piloto que não poderia se defender. Esse foi o cerne da operação-abafa.
Quando os deputados da CPI se deram conta dessa jogada, decidiram liberar os diálogos dos pilotos na cabine. E aí a operação-abafa começou a ruir.
É possível que pilotos esquecessem que o reverso não estava funcionando e adotassem os procedimentos errados. Mas a degravação mostra que, na hora do pouso, ambos estavam alertas a esse problema. Como supor que cometeriam um erro minutos depois de terem constatado o problema?
Com isso, a tese do problema mecânico se fortalece. E aí, empresa e autoridades fiscalizadoras terão que prestar contas à opinião pública.
Comentário
Por questão de justiça, ressalve-se que Fernando Rodrigues, da “Folha”, não embarcou totalmente na versão da culpa do piloto. Em sua reportagem, mencionou o problema com o spoiler do avião.
SP!