NÓS ELEITORES TEMOS QUE MUDAR!
Posted: 28 Sep 2006 21:34
Este post não se destina ao debate político-partidário, mas sim ao esclarecimento cívico-eleitoral.
"Pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se
caráter, e nosso caráter torna-se nosso destino".
PARA SER LIDO OU OUVIDO OBRIGATORIAMENTE POR TODOS BRASILEIROS. VAMOS CRIAR VERGONHA E MUDAR ESSE PAÍS.
Pronunciamento do Sen. Jefferson Peres em 30.08.2006 no plenário do
Senado Federal.
"Pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se
caráter, e nosso caráter torna-se nosso destino".
PARA SER LIDO OU OUVIDO OBRIGATORIAMENTE POR TODOS BRASILEIROS. VAMOS CRIAR VERGONHA E MUDAR ESSE PAÍS.
Pronunciamento do Sen. Jefferson Peres em 30.08.2006 no plenário do
Senado Federal.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, depois de uma longa
ausência de algumas semanas, volto a esta Tribuna para manifestar o meu
desalento com a vida pública deste País.
Gostaria de estar aqui discutindo, a respeito das riquezas
naturais do Brasil, e não como falarei, sobre algo muito pior: a
dilapidação do capital ético deste País.
Senador José Jorge, poderíamos não ter um barril de petróleo nem
um metro cúbico de gás, mas poderíamos ser uma das potências mundiais em
termos de desenvolvimento.O Japão não tem nada. Não tem petróleo, gás
ou riquezas minerais. A Coréia do Sul também não tem nada disso, e nos
dá um banho em termos de desenvolvimento não apenas econômico, mas
também humano.
O que está faltando mesmo a este País e sempre faltou é uma
elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer
neste País o que precisaria ser feito: investimento em capital humano.
Vejam que País é este. Estamos aqui com seis Senadores em pleno
mês de agosto, porque estamos em recesso branco. Por que não se reduz a
campanha eleitoral a trinta dias e transfere-se o recesso de julho para
setembro? Nós ficaríamos com o Congresso aberto, de Casa cheia, até 31
de agosto. Faríamos trinta dias de campanha em recesso oficial,
remunerado. Estamos aqui no faz-de-conta.
Como disse o Ministro Marco Aurélio, este é o País do
faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos uma sessão do Senado,
estamos em casa sem trabalhar. Estou em Manaus há quase um mês,
recebendo, sem fazer nada " para o Congresso Nacional, pelo menos.
Como se ter animação em um País como este com um Presidente
que, até poucos meses atrás, era sabidamente " como o é " um Presidente
conivente com um dos piores escândalos de corrupção que já aconteceu
neste País e este Presidente está marchando para ser eleito, talvez, em
primeiro turno? É desinformação da população? Não, não é.
Se fizermos uma enquete em qualquer lugar deste País, todos
concordarão, ou a grande maioria, que o Presidente sabia de tudo.
Então, votam nele sabendo que ele sabia. A crise ética não é só da
classe política, não. Parece que ela atinge grande parte da sociedade
brasileira. Ele vai voltar porque o povo quer que ele volte. Democracia
é isso.
Curvo-me à vontade popular, mas inconformado. Esta será uma
das eleições mais decepcionantes da minha vida. É a declaração pública,
solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos por parte de
governantes não têm mais importância. Isso vem até da classe dos
intelectuais, dos artistas.
Que episódio deplorável aquele que aconteceu no Rio de Janeiro
semana passada! Artistas, numa manifestação de solidariedade ao
Presidente, com declarações cínicas, desavergonhadas! Um compositor
dizer que "política é isso mesmo, fez o que deveria fazer", o outro
dizer que "política é meter a mão na 'm...'"! Um artista, em qualquer
país do mundo, é a consciência crítica de uma nação. Aqui é essa, é
isso que é a classe artística brasileira, pelo menos uma grande parte
dela, é o povo conivente com isso. E pior, pior ainda: os artistas
estão fazendo isso em interesse próprio, porque recebem de empresas
públicas contratos milionários - isso é a putrefação moral deste País -
, e o povo vai reconduzir o Presidente porque "política é isso mesmo".
Tenho quatro anos de Senado. Não me candidatarei em 2010, não
quero mais viver a vida pública. Vou cumprir o mandato que o povo do
Amazonas me deu, não vou silenciar. Ele pode ser eleito com 99,9%. Eu
estarei aí na tribuna dizendo que ele deveria ter sido mesmo
destituído.
O que ele fez é muito grave. É muito grave. Curvo-me à vontade
popular, mas não sem o sentimento de profunda indignação. A classe
política já nem se fala, essa já apodreceu há muito tempo mesmo. Este
Congresso que está aqui, desculpem-me a franqueza, é o pior de que já
participei. É a pior legislatura da qual já participei. Nunca vi um
Congresso tão medíocre. Claro, com uma minoria ilustre, respeitável, a
quem cumprimento. Mas uma maioria, infelizmente, tão medíocre, com
nível intelectual e moral tão baixo, eu nunca vi. O que se pode esperar
disso aí? Não sei. Eu não vou mais perder o meu tempo. Vou continuar
protestando sempre, cumprindo o meu dever. Não teria justificativa
dizer que não vou fazer mais nada. Vou cumprir rigorosamente o meu
dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero
mais voltar, não!
Um País que tem um Congresso desse, que tem uma classe política
dessa, que tem um povo... dizem que político não deve falar mal do
povo. Eu falo, eu falo. Parte da população que compactua com isso? É
lamentável. E que sabe. Não é por desinformação, não. E que não é só o
povão, não. É parte da elite, inclusive intelectual. Compactuam com
isso é porque são iguais, se não piores. Vou continuar nessa vida
pública? Para quê, para mim, chega! Vou continuar pelejando pelos
jornais e por todos os meios possíveis, mas, como ator na vida política
e na vida pública deste País, depois de 2010, não quero mais!
Elejam quem vocês quiserem! Podem chamar até o Fernandinho
Beira-Mar e fazê-lo Presidente da República - ele não vai com o meu
voto, mas, se quiserem, façam-no.
O meu desalento é profundo. Deixo isso registrado nos Anais do
Senado Federal. Infelizmente, eu gostaria de estar fazendo outro tipo
de pronunciamento, mas falo o que penso, perdendo ou não votos " pouco
me importa". Aliás, eu não quero mais votos mesmo, pois estou
encerrando a minha vida pública daqui a quatro anos, profundamente
desencantado com ela.
Muito obrigado, Sr. Presidente.